O
cantor Alexandre Magno Abrão, o Chorão, da banda Charlie Brown Jr, foi
encontrado morto, aos 42 anos, em um apartamento na Zona Oeste de São
Paulo, em 2013.
Em 2010, com apenas um ano de experiência
no jornalismo e aos 22 anos, eu fui cobrir, como repórter, o Festival de
Inverno Bahia, em Vitória da Conquista. Lembro-me de tudo me causar certo furor
naquela época – eu buscava sempre algum furo, assim como qualquer estreante no
jornalismo. Na verdade, eu estava empolgado por coordenar, pela primeira vez, uma
grande cobertura do maior festival de música do interior do estado.
Polêmico, Chorão integrava,
naquele momento, o panteão do rock
nacional brasileiro. Era
muito querido entre os jovens. Mas admito que não era a atração do Festival mais
aguardada por mim, apesar de eu reconhecer a brilhante trajetória do cantor e do
Charlie Brown Jr. Até curtia algumas músicas da banda. Mas passei a nutrir certa
antipatia por Chorão após o episódio envolvendo Marcelo Camelo, vocalista do Los
Hermanos, de quem eu era – eu sou – um admirador. Eu até tive a oportunidade de
dizê-lo pessoalmente o quanto sua poesia está presente em minha vida, mas esta
é outra história, que eu também já contei na Jussi Up.
Em
2004, Chorão agrediu Camelo na sala de desembarque do Aeroporto de Fortaleza.
Ele chegou a ser detido pela Polícia Federal e, mais tarde,
processado pelo músico, sendo obrigado a pagar uma indenização
por danos morais.
Assim que o cantor e sua banda chegaram
ao backstage, onde receberia parte da imprensa – havia uma seleção de
jornalistas e fotógrafos –, a assessoria do evento nos fez algumas
recomendações e disse que nos acompanharia durante entrevista com todos do
Charlie Brown Jr que dispusesse a falar conosco.
Houve tumulto assim que eles apareceram. Um
grupo de fãs tentou burlar uma área restrita aos jornalistas, que ficava
próximo ao palco e à sala de imprensa. De qualquer modo, eu consegui conversar
tranquilamente com Chorão, que estava cercado de assessores e seguranças. Falei
da participação dele no Festival, do show e dos próximos projetos. Aproveitei
também para fazer registros com minha câmera.
Enquanto ele falava sobre “Camisa 10 Joga Bola Até na Chuva”,
décimo álbum de estúdio do
Charlie Brown, lançado em 2009, alguns fãs desvairados conseguiram driblar a
segurança e agarraram o cantor. Foi um susto até mesmo para mim. Minha
entrevista foi interrompida, e ele tentou completar como pôde. Por sorte, eu
tinha um material razoavelmente suficiente para escrever uma matéria.
O letrista liderava a banda fundada por ele
na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, em 1992. Em 21 anos de carreira, o Charlie Brown Jr
lançou nove álbuns de estúdio, dois discos ao vivo, duas coletâneas e seis
DVDs. Ao todo, o grupo vendeu 5 milhões de cópias.