Escultura
de Edward Mordake feita de cera Foto: Reprodução
A lenda conta que Edward
Mordake foi um pobre homem rico que viveu no século 20. Herdeiro de uma grande
fortuna e um título de nobreza na Inglaterra, ele dispunha de um talento
brilhante para a música. Sua vida poderia ser como as manhãs radiantes e
tranquilas da primavera londrina, mas assim que ele nasceu sua família
descobriu que o pequeno nobre era portador de uma rara síndrome conhecida como Craniopagus parasiticus que fez Mordake
nascer com dois crânios, dividindo o mesmo corpo. O jovem Edward Mordake, ao
ser encarado, era tido como um homem encantador e elegante, mas escondia um
rosto com personalidades próprias na sua nuca.
A adolescência de
Mordake teria sido repleta de transtorno causada pelo “meu gêmeo malvado”, como
ele denominava a face flácida e desfigurada em sua nuca. Relatos da época
descrevem algo como sombrio e assustador, e até mesmo demoníaco. Muitos ficavam
apavorados com o que podiam ver. Todos que tinham o infortúnio de deparar com a
“face do mal”, diziam ter visto em seu olhar uma expressão de genialidade
perversa e ódio. Seus olhos seguiam a todo o momento, lentamente, quem
estivesse próximo, analisando o comportamento de quem ousasse a conhecer a
segunda face de um homem atormentado por uma maldição.
Enclausurado em uma de
suas propriedades, Edward afastou-se de todos os seus amigos e familiares, e
logo esqueceria o sabor de viver, abdicando, em seguida, do seu título de
nobreza. Enquanto isso, do outro lado, a segunda face macabra que não comia,
mas chorava e sorria grotescamente causava desconforto até mesmo nos médicos
que o tratavam, segundo registros da época.
Depoimentos de quem
conheceu a aterrorizante história de perto revelam uma expressão perversa,
tomada por um sorriso sarcástico que formava no rosto desfigurado, como se
quisesse revelar algo oculto. Era difícil até mesmo ficar olhando a
atemorizante “face do mal” por muito tempo.
O herdeiro de um
pariato da Inglaterra procurou ajuda médica para se livrar da sua segunda face,
mas a cirurgia envolvia sérios riscos a sua saúde e os médicos decidiram não
arriscar a vida do paciente.
Imagem
remonta a personagem de Edward Mordake Foto: Reprodução
A verdadeira história
de Edward Mordake, o homem de duas faces, se perdeu ao longo do tempo. Ninguém
sabe sobre o ano do seu nascimento e nem mesmo quando ele morreu. Supostos
relatos do pobre homem diz que a face sombria que se escondia na sua nuca
sussurrava coisas assustadoras e incompreensíveis durante a noite, enquanto ele
tentava dormir. O próprio Mordake descreve momentos de tormento de quando ele
estava triste e sua outra face ria como se estivesse zombando de seus
sentimentos. Dizia-se que ela era capaz de gargalhar ao ver o sofrimento do seu
dono.
Mordake se suicidou
aos 23 anos, depois de não suportar as angústias causadas pela sua segunda
face. Existem duas versões para a sua morte: na primeira, ele teria se
suicidado com veneno, o que lhe traria uma morte rápida e discreta. A segunda,
com um tiro em meio aos olhos da segunda face. Edward Mordake teria deixado uma
carta pedindo que sua monstruosa face fosse retirada do seu crânio antes de o enterrarem.
O motivo seria para impedir que ela não continuasse sussurrando mensagens
macabras vindas do inferno. Em trechos da carta também podem ser encontrados
trechos perdidos de súplicas para que ele fosse sepultado em um lugar deserto e
sem lápide. “Peço que retirem esse demônio de meu corpo antes que me eternizem
em terra, pois pretendo e solicito dormir a eternidade sem os lamentos do
inferno”.
Seu pedido foi
atendido pelos médicos Manvers e Treadwell que cuidavam do caso. Mordake foi
enterrado em uma cova simples e sem qualquer tipo de lápide ou escultura,
conforme desejado.