Artistas e organização insistem na gafe de anunciar nomes de políticos no palco da festa de São João
É apenas um mero detalhe, mas, que faz, sim, toda a
diferença. Pelo menos aos ouvidos dos mais atentos ou de quem pertence ao metiê
de comunicação. Um costume que remonta aos primórdios da política de Jussiape,
a gafe cometida por artistas e pelos responsáveis pelos eventos, ao anunciarem
nomes de políticos (deputados, prefeitos e vereadores) em uma ação
explicitamente marqueteira, tem permanecido nos palcos das grandes às pequenas festividades da cidade.
Mas, afinal, é permitido? É crime? É mesmo uma gafe?
Não, não é crime. A menos que esteja em período
eleitoral e a publicidade governamental conste nomes, fotos ou símbolos que
constitua promoção pessoal do político em questão.
É gafe? Sim, eu diria que sim. Se entendermos gafe
como atitude involuntária e até mesmo impensada, indiscreta e desastrosa, vamos
chegar à conclusão de que não convém este tipo de prática inadvertida em
público. Ou seja, não é aconselhável utilizar eventos públicos para
autopromoções direcionadas a cargos.
O mérito dos responsáveis pela festa deve ser reconhecido
publicamente? Sim, inquestionavelmente. Mas, o mérito deve ficar com a
organização, a cargo dos órgãos públicos, e não depositado individualmente. Neste
caso, o melhor a se fazer é, durante os intervalos das apresentações, quando os
artistas se revezam no palco, anunciar a Prefeitura, secretarias envolvidas, outras
entidades e, se o caso for, a Câmara de Vereadores por algum apoio à festa.
Isso já é mais que o suficiente.
Ademais, é desnecessário mencionar o nome do prefeito,
embora seja ele o maior responsável pelo evento. Por sua vez, os artistas, com
a intenção se estreitar laços com a primeira-dama e todo o Executivo, apelam para os
mais diversos adjetivos, no intuito de qualificar, em um discurso bajulatório e
infinito; isto é, quando o artista não apela para um diálogo íntimo com membros
do governo. Uma cena constrangedora que pode ser evitada.
Se o gestor municipal deseja se pronunciar, ele deverá
ser breve, de preferência se manifestar na abertura dos festejos. Mas, nada o
impede de subir ao palco para fazer uma declaração sucinta direcionada ao
público, entre uma apresentação e outra, em referência exclusiva à festa.
Anunciar nomes de prováveis candidatos a cargos político-partidários também não pega nada bem para a imagem da gestão municipal. O evento não pode ser palco de propaganda política. E olha que eu não estou me referindo ao período eleitoral. Mas a qualquer época do ano. Não é de bom tom e ponto. O costume não é de hoje, mas deve ser evitado. Gostemos ou não, protocolo é protocolo, e segui-lo faz todo o sentido.