As cores do grafite do Parque do Ibirapuera em SP
REPORTAGEM PUBLICADA EM 2016
Grafite
colore Parque do Ibirapuera Foto: Will Assunção/JUP
Já faz algum tempo que
a arte de rua ganhou as galerias de museus, espaços culturais e parques mundo
afora. E, claro, encabeçando a lista de megacidades do mundo, oscilando entre a
terceira e a sétima posição, a megalópole brasileira não podia se eximir de se
tornar um cenário propício a ostentar essa manifestação artística urbana.
Típica de grandes
centros urbanos, o colorido do grafite tomou o Parque do Ibirapuera, em São
Paulo. No Ibira, como foi apelidado pelos frequentadores, o movimento dos
skatistas e transeuntes se misturam às cores e aos traçados dos artistas.
As obras que colorem a
Pauliceia, geralmente e quase sempre, têm uma mensagem de cunho social, alerta
e crítica voraz aos desequilíbrios da humanidade, como a aparente apatia
crônica e o desleixo dos políticos com a população. Essa vocação de protesto
está na raiz do grafitti, nascida na
Roma antiga, onde se escrevia palavras de ordem em carvão nas paredes.
Skatista
no Parque do Ibirapuera em São Paulo | Foto: Will Assunção/JUP
Apesar de depararmos
sempre com grafites de todas as formas e cores pela janela do ônibus, nas
estações de metrô, na correria que nos assalta, quase nunca temos a
oportunidade de observar de perto e com calma esse tipo de arte tão presente no
nosso cotidiano. E através dele que nós podemos descobrir outro universo
surreal repleto de significados numa cidade que os tons de cinza são
predominantes.
Para os frequentadores
do parque, os grafites são uma oportunidade de o artista mostrar ao público o
trabalho que muitas vezes se perde pelos concretos da cidade. “Eu acho super
bacana os grafites pelo fato de um artista mostrar o trampo de uma forma tão
bonita de expressão”, disse David Lima, entusiasta do skate como esporte.
Rafael Shouz,
estudante de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo (USP), expõe como
o grafite brasileiro é admirado lá fora. “Os Gêmeos são um dos maiores
representantes desse estilo de arte, que no mundo é extremamente apreciado.
Eles já foram chamados para grafitar em vários lugares, como em umas torres na
Granville Island, no Canadá”, disse Shouz que também é skatista.
Grafite colore paredes do Parque do Ibirapuera Foto:
Will Assunção/JUP
Para o estudante de
Ciências Políticas, que é frequentador do parque, os grafites do Ibirapuera,
não somente para ele, mas para a maioria dos skatistas de coração, “representam
uma forma de expressão que muitas vezes não é entendida pela maior parte da
sociedade, já que o grafite ainda carrega um sentido pejorativo e várias
pessoas não o reconhece como arte, o que é horrível”, pontuou.