O que eu encontrei nos meus e-mails dos últimos 8 anos?
Foto: Will Assunção/JUP
The Clientele e Dostoievki
entraram na lista dos “achados e perdidos”
E se por ocasião, em pleno ano de 2016, você descobrisse uma
pasta com todos os seus e-mails enviados nos últimos oito anos? Mensagens para
amigos e primos mais próximos, fotografias de momentos que se eternizaram, e que
você sequer sabia que existiam. Conversas esquecidas no serviço de mensagens MSN,
além de declarações a pessoas que acabaram se tornando especiais, de uma época
em que eu não passava de um garoto recém-ingressado na universidade.
A suposição acima aconteceu comigo ao fazer uma faxina num
dos cantos mais remotos da minha vida, meu correio eletrônico. Ainda é
desconhecido para mim o motivo do e-mail do Hotmail ter armazenado todos estes
arquivos em uma única pasta, mas foi o que descobri ao ver centenas e centenas
de itens reunidos em um único local.
O achado me proporcionou uma verdadeira vigem no tempo. Eu
pude acompanhar a própria evolução da minha vida em quase uma década, de quando
deixei de ser adolescente e me tornei adulto. Por diversas vezes, cheguei a me
achar ridículo ao ler como eu escrevia para alguns dos meus amigos e colegas da
faculdade, mas também bateu uma imensa saudade do tempo em que a liberdade de
andar na rua era algo que um jovem podia ter de mais precioso.
De tudo o que eu reli, ouvi e vi, alguns arquivos eu não
podia acreditar ser verdade. Era imaturidade demais para alguém que hoje
abomina o que fora encontrado ali. Mas pude ver também que algumas coisas nunca
mudam, e que certas verdades são incontestáveis para mim. Listei em uma espécie
de “achados e perdidos” de tudo o que mais me chamou a atenção no meu tesouro
virtual.
1- Uma listinha repleta de comentários particulares de todas
as pessoas com quem eu já havia beijado até aquele momento; o mais impressionante
foi o fato um tanto cômico de como eu descrevia a situação com uma riqueza de
detalhes;
2- Dezenas de fotografias que marcaram a minha vida: amigos,
viagens, férias de verão, acampamentos, paqueras, amores e até fotografia de
pés. Quem pode comigo?
3- Uma coleção de declarações sinceras e avassaladoras; eu
sempre fui alguém que diz o que sente sem muitas papas na língua;
4- Uma list de músicas armazenadas em um canto do meu
e-mail, já que eu acreditava, em pleno ano de 2007, que elas poderiam
simplesmente serem extintas da internet. Um verdadeiro banco de dados musical;
5- Cartas. Acredite, eu sempre utilizei meu correio
eletrônico para manter o hábito de escrever cartas às pessoas;
6- Trabalhos da faculdade esdrúxulos, que até eu mesmo teria
vergonha de ler os dois primeiros parágrafos;
7- Conversas entre amigos do MSN salvas. Em uma delas eu
falava sobre onde eu passaria as próximas férias de verão;
8- Uma imagem de Nick Valensi, guitarristas do The Strokes,
aos vinte e poucos anos, para meu cabeleireiro fazer um corte no meu cabelo igual
ao dele;
9- Uma lista com 30 coisas para se fazer antes de morrer:
nela continha sexo com melhor amigo(a), uma tatuagem em qualquer parte do
corpo, beijar um transeunte em NY e subir no palco alcoolizado para dançar uma
música dos Stones;