Sobre noites insólitas [2]
Foto: JUP
O vazio. Por vários dias, meu peito foi tomado por um vazio
espantoso, e só então me cabia entender, naquele momento, razões claras para
sentimentos que avassalaram meu peito. Encontrava em minha própria solidão o
maior motivo para as minhas próprias angústias. Definitivamente, eu tinha a
única certeza de uma vida inteira: eu não havia nascido para viver só pelo
mundo.
Por mais que as forças das circunstâncias haviam feito de
mim um homem sóbrio, e disto me orgulho muito, para mim era como ter alcançado
a evolução em alguma parte da vida. Por outro lado, me sentia perdido perante
todas as efemérides daquele lugar.
Tornei-me discreto a ponto de ficar quase invisível para boa
parte do mundo. Vislumbrava aportar em outras terras pelas quais mantinha muito
interesse em meus pensamentos. Talvez, eu havia ganhado a liberdade da forma
mais espontânea e majestosa que me era possível. Não existe maior liberdade do
que poder decidir seus próprios passos, baseados em suas escolhas.